nem sempre as viagens “inspiradas” no cinema precisariam ser um subproduto forçado, superficial, que nada fala dos lugares visitados e do qual a obra cinematográfica definitivamente não precisa.
penso nos roteiros que brotassem como florescências regadas pelas verdades de uma história, o que só é possível quando o cenário dessa história é, no mínimo, o segundo personagem mais importante.
penso em roteiros de perda. ilusórios como qualquer turismo, eles seriam a esperança do turista vivenciar, através do terror de se meter nas áreas mais obscuras de um lugar, as intimidades mais sinceras da cidade.
seria assim um longo passeio por ônibus e calçadas da teeran pouco solidária que não mostra os caminhos da garotinha em AYNEH.
seria assim uma caminhada por toda a madrugada do que há de mais decrépito do centro do recife, torcendo para que apenas as ruas, mas não os fatos, de AMIGOS DE RISCO se apresentassem.
seria assim ir a fargo, alheiar-se de qualquer estranheza e simplesmente resfastelar-se no nada de FARGO.